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A internet e os 15 minutos de fama

Conheço a internet bem de perto desde seu nascimento. Na verdade conheço bastante pois tenho desenvolvido soluções conectadas desde 1996, como já contei antes... De lá pra cá muita coisa mudou em termos de infraestrutura e solução tecnológica mas o que talvez pouca gente tenha se dado conta é que muita coisa mudou em termos de comportamento. Com e por causa da rede global de computadores. Sempre tive uma pegada antropológica, sempre gostei de buscar a motivação por trás das atitudes, das ações, dos comportamentos repetitivos, entender o sentido das improvisações, dedicar um tempo às idiossincrasias, seja no dia-a-dia, no convívio social, em projetos ou em fatos ou acontecimentos. Essa abordagem ou talento me faz perceber insights e oportunidades interessantes para os projetos mas também me faz refletir sobre tudo, inclusive sobre o comportamento de gerações, pessoas e principalmente do meu filho. E ando refletindo bastante ultimamente... Realmente o fato de você poder se conectar

Uma incompletude conhecida e cuidadosamente concebida

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Em boa parte das minhas aulas e palestras começo com um pouco de história e falo das ondas do design centrado no usuário, coisa que já escrevi por aqui também . Sempre que me perguntam sobre minha opinião sobre a quinta onda respondo: “faça você mesmo” (do yourself). É uma teoria particular embasada em tudo que tenho lido em termos de tendências e inovações. E fácil de acreditar com alguns movimentos ao redor, como por exemplo de ondas de personalização, de cursos de programação, movimento makers e as próprias tecnologias emergentes (IoT, inteligência artificial etc) que trazem uma identificação e análise de você e sua vida. Mas se essa é a nova onda, antes de mais nada precisamos restabelecer a própria definição de inovação. Na academia é comum nos depararmos com autores e pesquisadores afirmando que a inovação só acontece de fato quando o produto sai da prateleira. Alguns vão além afirmando que é quando a solução (produto ou serviço) é usada. Mas se eu estiver certa e a quinta onda

Design & Inovação

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Design de maneira muito genérica pode ser definido como disciplina de solução de problema. Por isso e pela recente virada da inovação especialista para inovação centrada em pessoas ou inovação significativa, o design (incluindo o Design Thinking) vem sendo considerado como ferramenta estratégica em processos de inovação. Focar no que inovar não é suficiente e o Design como área de conhecimento traz de maneira intrínseca o entendimento das pessoas, seus comportamentos, dores, problemas, dificuldades bem como aspirações, desejos, expectativas e tendências de comportamento no sentido de resolver suas questões para então como, quando e porque inovar. Em publicação recente, Menon (2015) argumenta que o Design, com sua característica planejada e abordagem criativa, pode desempenhar um papel importante na identificação de oportunidades para inovação, uma vez que é um processo planejado e estruturado de alcançar produtos, sistemas e serviços criativos. Para tal os designers precisam lidar

Sebastião Salgado e sua veia antropológica

Fui ao cinema ver O Sal da Terra porque sou muito fã do fotógrafo Sebastião Salgado. Tenho vários livros, já fui a algumas exposicoes, enfim... Fui em busca de sua história contada em fotos e encontrei um filme que a conta de maneira documental e contextual, fazendo o espectador entender as motivações do artista e sentir um pouquinho o que ele experimentou em cada projeto. A direção do filme teve o mérito de não deixar que a película falasse mais alto do que as delicadas imagens que apareciam para contar cada etapa de sua vida. Mas na verdade o que me surpreendeu de fato foi ter percebido que Salgado é sobretudo um antropólogo, embora ele mesmo tenha negado em entrevista à National Geographic (2013) dizendo "- Já disseram que faço um trabalho antropológico. Não é verdade. Fotógrafo as coisas que acho belas. E as que me revoltam." Cada projeto se inicia com uma grande pesquisa bibliográfica, onde busca conhecer a história e os hábitos de cada povo e região que vai visitar

Etnógrafo: um talento nato

Depois de iniciar disciplinas no instituto de Geociencias da Unicamp e começar a traçar meu projeto de pesquisa de doutorado, devo dizer que antropologia é um talento nato. Sem dúvida isso vale para outras profissões, mas para uma boa pesquisa etnográfica é preciso muito mais do que um conhecimento bibliográfico sobre as linhas dos diferentes autores assim como não dá pra se restringir ao entendimento da técnica. O etnógrafo precisa ter o olhar curioso, atento e sobretudo isento . Venho do design e da ergonomia onde a observação é o método mais fundamental de todos. Não muito distante da etnografia, a observação é um método feito in loco, no contexto de dada situação, de preferência sem a intervenção do pesquisador - apenas registros. Dela surgem derivações com aplicação de questionários semi-estruturados, acompanhamento com Think aloud, roteiros, etc. Mas o princípio do observador isento já está lá.  A etnografia vai muito além da observação: pressupõe o envolvimento do pesqui

As circunstancias que nos impelem

Uma das questões mais importantes para a experiência do usuário é o contexto: o que nos faz agir ou paralisar, curtir ou fugir, avançar ou parar... Só que, como se vê, o contexto não é único. Podemos de forma geral avaliar os seguintes: emocional, o estado em que a pessoa se encontra no momento da interação  (doença, perda, falência ou promoção, maternidade, férias...); da urgência em que ela se encontra para buscar ou lidar com o assunto (prazo esgotado, pouco tempo de conexão, ou tempo livre e ocioso para tal); do ambiente (barulhento, tumultuado, tranquilo); do assunto/tema que ela está lidando (governo, fiscal, financeiro, jurídico, diversão/entretenimento etc.); tecnológico - a estrutura de hardware e software que a pessoa possui contra a estrutura que o sistema exige (plugins, versões especificas de browser ou sistema operacional etc.); da interface (é amigável, responsivo, acessível); E talvez ainda outros específicos para sistemas idem. É impossível entender o comport

Muitas empresas estão correndo atrás...

Buscando alcançar o acelerado ritmo de mudanças e novidades tecnológicas, os departamentos de inovação seguem tendo muito trabalho. Muitas reuniões, pesquisas com concorrentes, informações sobre percentuais de venda, pesquisas de tendências, de produtos e, às vezes, pesquisas com consumidores, usuários, pessoas. Sabe-se que hoje, globalmente falando, apenas 4% dos gastos em iniciativas inovadoras resultam em casos de sucesso. Os outros 96% são dinheiro jogado fora... Investimento, vamos chamar assim. E da fato o é porque as pesquisas geram conhecimento que geram novas iniciativas e algumas certamente darão certo. Interessante talvez fosse ressaltar os percentuais relativos a inovação incremental e desruptiva ou radical – imagino que essa desproporção se dê no campo da última. E a bem da verdade é que para muitas empresas – e no atual contexto de consumo mundial – a inovação incremental já garante estabilidade em fatias de mercado ou o aumento de participação em outras