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Mostrando postagens de 2012

Design Thinking em questão

Motivada por uma grande profusão de comentários por aí e de empresas que oferecem "design thinking" como mais um produto de sua prateleira, resolvi me pronunciar um pouco sobre o assunto. Design thinking, pra quem não sabe, é, literalmente, o pensar do design levado para cadeiras ou profissionais de marketing, administração e gestão. Mas acabou se tornando uma "disciplina" e um processo ao passo que Tim Brown assim a lançou, com metodologia e tudo, em seu livro com este nome. Só que não há novidade quando se entende o processo. Para quem leu o livro em português e não pescou ou em inglês e desconhece o termo, aqui vai uma explicação: "human factors" é um outro nome para a disciplina Ergonomia, principalmente assim chamada nos Estados Unidos. E "fatores humanos", como foi traduzido aqui, não é apenas uma expressão no texto, mas uma referencia a essa disciplina que estuda o comportamento humano durante a interação com um produto, serviço ou em

O Globo: porque não comentar?

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Esperei uma semana para ver se o novo projeto gráfico do jornal ia se sustentar. O que a princípio se pareceu complicado de manter, se mostrou consistente e efetivo. Com manchas gráficas muito arejadas e grids bastante variadas – com possibilidades de 2, 4, 5 e 6 colunas – inclusão de olhos, imagens contornadas pelo texto e tabelas ocupando larguras variadas, confesso que temi por duas possibilidades: a padronização em 2 ou três versões, frente ao tempo diário escasso para o fechamento, ou o caos. O que se vê é cada vez mais um conteúdo muito bem apresentado, fácil e rápido de entender do que se trata e muito melhor de ler – com excessão da fina fonte em caixa-alta utilizada em alguns olhos. Linda! Mas de bem difícil leitura. O que se nota é a preocupação de construção que chamo de “bottom-up”, o que deveria ser óbvio para todo e qualquer peça (ou veículo) que tenha no conteúdo sua força. Os efeitos e firulas se entram é porque tem uma finalidade. Talvez as retrancas e

Responsive web design

Nada de sites com versões para iPhone, blackberry, android, iPad. "Melhor visualizado em x.dpi" então, nem pensar! A onda do momento é o Responsive web design, ou como já foi citado por aqui , webdesign responsivo - em vez de sensível ou adaptável, que pra mim faria mais sentido. Significa que todo site deve ser pensado para funcionar em qualquer plataforma de acesso a internet. E funcionar no sentido da experiência: botões, ícones, imagens, formato, textos, tudo deve ser adaptável ao tamanho do dispositivo bem como as suas restrições de uso, como toque por dedo em vez do cursor, mudança de orientação, limitação de visualização etc. Isso de fato sempre deveria ter sido o esforço do design de sistemas interativos. Só que antes a preocupação era apenas com a resolução de tela e tipo de navegador. O grande desafio continua sendo o porque de cada coisa. O Flash, há tempos atras, trouxe excelentes recursos de animação e interação até então inviáveis (principalmente por conta

Seminário Fiocruz sobre Políticas de Inovação: avanços e desafios rumo à gestão do conhecimento

A Fundação Oswaldo Cruz, como a mais importante e respeitada instituição de ciência e tecnologia em saúde da America Latina, sai na frente em vários aspectos conhecidos pelo público em geral: pesquisas em ciências epidemiológicas, exames e vacinas, cursos e palestras. Mas o que talvez o público geral não saiba é que é uma das mais respeitadas instituições quando o assunto é gestão do conhecimento. E não apenas em causa própria. A Fiocruz está a frente do nosso tempo quando o tema é Gestão do Conhecimento. Com um time de primeira envolvido não apenas com diretrizes internas, a instituição participa ativamente de todo o processo percorrido pelas instancias públicas brasileiras seguindo as regras e ajudando nesse processo de disseminação do conhecimento. Participei hoje de parte do seminário onde pude conhecer melhor a Lei de Acesso àInformação , sancionada pela nossa presidente em novembro de 2011. É um projeto muito mais amplo do que parece – e muito mais difícil também por cont

Inovação Radical

Donald Norman, um guru para mim desde o início da faculdade, escreveu um excelente artigo contrapondo inovação radical x inovação incremental ( Incremental andRadical Innovation- Design Research versus Technology and Meaning Change, byDonald A. Norman and Roberto Verganti ), sendo a primeira uma completa ruptura e a segunda uma melhoria em algo que já existe. É sensacional o artigo (científico, alias) pois cita muitas referências e exemplos de ambos os casos. Mas é também polêmico em alguns aspectos a meu ver: Qual é o ponto que define essa “ruptura” para que uma inovação seja considerada radical? Se uma inovação radical de fato independe de metodologias de pesquisa e quiçá até de pesquisa do que existe, seria apenas um “insight”? Zuckerberg teria mesmo criado o Facebook sem toda sua vivência (e conversas) dentro do ambiente fervilhante universitário? O Wii da Nintendo seria mesmo uma inovação radical? Se sim, por que as plataformas multitoques da Apple não? C

Ergonomia, Fatores Humanos e Divinos

Em 1997 entrei para a Faculdade da Cidade (hoje UniverCidade) e iniciei minha graduação em Desenho Industrial. Apenas com 16 anos (faria 17 apenas no final daquele ano) a disciplina que mais me encantou – e ao mesmo tempo assustou – foi a Ergonomia. Gráficos com inputs e outputs , nomes como Chapanis e Montmollin, palavras como usabilidade e leiturabilidade, construção de protótipos toscos (mas que sempre funcionavam) para testes formavam um universo tão novo e encantador que me aterrorizavam na hora das duras provas da professora rígida, que chegava para as aulas as vezes bastante sorridente e brincalhona, por outras extremamente mau-humorada e emburrada.  Disciplina-chave do curso, vim a perceber com o tempo, a Ergonomia me marcou. Cheguei a pensar em dado momento se o design de produto (como veio a se chamar meu curso anos depois) faria sentido como uma faculdade isolada ou se não deveria ser apenas uma especialização do curso de ergonomia. As coisas passaram a fazer sentido